O A. é definitivamente a pessoa que apetece enlaçar, enlaçar, enlaçar com os braços. É o melhor aluno da turma. Quando me olha baixo a cabeça como um súbdito a seu superior. Admiro a sua destreza, a sua audácia mas, principalmente, a sua inteligência. Tenho inveja dos inteligentes mais do que dos bonitos. Imagino-me em jantares da família com o A., como tudo pareceria perfeito… Venero o A. de tal forma que quando se senta à minha frente na sala de aula, aproveito e olho, não prestando mais atenção ao que os professores dizem. Nunca terei coragem para falar com o A., mas isso também não interessa, já dizia a minha mãe… “Filha, as coisas que conhecemos perdem o encanto”.

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“Doze vozes gritavam, furiosas, e todas se assemelhavam. Era agora evidente o que sucedera aos rostos dos porcos. Os animais diante da janela olhavam dos porcos para os homens, dos homens para os porcos, e novamente dos porcos para os homens: mas já era impossível distingui-los uns aos outros.”

George Orwell, Animal Farm

Já toda a gente teve oportunidade de saborear aquele meio segundinho de tudo estar bem: clima bom, casa arrumada, comida very good, brisa ótima, corpo são, pensamento no presente. Hoje viram-me e se dissessem “Ali vai a Patrícia”, estariam certos. Apenas nesse meio segundo estariam certos.